Transporte de cargas rodoviário: as consequências da crise para o mercado

O transporte de cargas rodoviário precisa se renovar. Os altos custos do transporte e a falta de acesso ao capital são responsáveis pela perda de milhões de postos de trabalho. Principalmente num ambiente de recessão econômica como a que o Brasil vive atualmente.

O transporte de cargas rodoviário está em crise e precisa se renovar
Reprodução

Além disso, é normal esperar que as empresas de transporte de cargas rodoviário vejam seu crescimento diminuir. O resultado desta retração se enxerga na queda do consumo doméstico. Este é um dos fatores que impactam diretamente na demanda de transporte de cargas, que fica prejudicado com a falta de fretes e repassa o mau prognóstico ao mercado de trabalho.

O mercado de transporte de cargas rodoviário fechou mais de 25 mil vagas

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, no primeiro bimestre de 2016 mais de 25 mil vagas foram fechadas no setor de transporte e logística. Esta marca representa um terço dos números de 2015, quando 76.400 mil pessoas perderam seus empregos. Apesar da situação crítica que o país está vivendo, o transportador precisa se adaptar à nova realidade. Consequentemente planejar uma redução gradual de suas estruturas de custos fixos até o setor se recuperar.

O impacto da crise sobre o transporte de carga rodoviário também foi muito maior e mais agressivo em comparação com outros setores da economia brasileira, como o comércio e a indústria. Centenas de transportadores estão apresentando falência ou vendendo suas operações em transações de emergência para pagar dívidas. Mesmo sendo responsável por movimentar 75% das cargas do país, o setor de transporte rodoviário possui perspectivas de trabalho negativas.

A estimativa de desemprego no setor chegou ao patamar de -19%. O problema real que afeta o transportador de cargas é muito mais complexo do que parece. Além da falta de fretes, a crise disparou outros três acontecimentos perigosos que formam um ciclo vicioso na economia.

Reduzir a margem de lucro para sobreviver

Por exemplo, para transportar o carregamento o embarcador geralmente precisa de um capital de giro. Este capital de giro oscila entre 30 e 90 dias para cobrir os custos associados aos serviços. Como consequência, as empresas começaram a negociar menores preços de fretes e termos de pagamentos mais favoráveis, reduzindo a margem de lucro.

O resultado, para obter o capital de giro, é que os bancos demandam mais juros para emprestar o dinheiro que o transportador precisa para operar. Este detalhe consome uma porcentagem ainda maior das margens operacionais. Por último, a falta generalizada de crédito bancário acessível para o transportador resulta numa grande pressão nas finanças da empresa.

Estes movimentos impactam diretamente no transportador. Uma vez que não consegue financiar as operações básicas do processo de transporte de carga, como salário dos motoristas, diesel, pedágios, entre diversos outros custos inerentes.

Outro fator que a falta de financiamento traz para os transportes é o prejuízo direto com os clientes. Uma vez que o transportador é obrigado a descontinuar o serviço. Fator que pode ocasionar em possíveis demissões dos motoristas e outros funcionários. Os caminhões ficam parados no pátio lado de um Warehouse – lugar estilo armazém, depósito ou galpão deserto.

Por isso, as parcelas dos caminhões, os quais são inviáveis para outros transportadores, e os altos aluguéis dos Warehouses vazios acabam por consumir todo o capital do transportador, que é forçado a declarar a falência.

A qualidade de serviço passou para o segundo plano, e o investimento segue para mais caminhões, segurança e infraestrutura. O setor virou um jogo financeiro, em que o ganhador é aquele transportador que consegue o maior acesso ao capital com linhas de financiamento ao menor custo.  

Fonte: https://goo.gl/girmxH

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